quarta-feira, 21 de março de 2012

MUDAR NÃO É FÁCIL, MAS É PRECISO.

           Se submeter à gastroplastia não é fácil, nem a escolha e muito menos o processo. E não falo somente do pré-operatório, mas de todo o processo mesmo, pra vida toda. E talvez o momento mais crítico seja os primeiros 20 a 30 dias do pós-operatório onde ainda não se pode os sólidos e a dieta é extremamente restrita.
           Muitos de nós que optamos pela cirurgia passamos anos e anos obesos, comendo milhões de calorias por dia a todo instante e não é uma tarefa fácil mudar esses hábitos. 
           Muita gente não entende a necessidade de 6, 5, 10 sessões com psicólogo ou mesmo de participar de um grupo por até 2 anos para a poder operar, mas é fundamental o apoio psicológico, porque ninguém está preparado para mudar tão drasticamente, mesmo sendo preciso...
           Uma das discussões sobre a bariátrica é justamente o índice de mortalidade, não necessariamente no momento cirúrgico, mas por complicações. E dentre estas complicações estão as fístulas, as infecções ocasionadas por pacientes que não conseguem segurar a onda e não seguem ao pé da letra a dieta determinada.... por exemplo, comendo antes do tempo estipulado.  
            A preparação para a cirurgia, para muitos já é uma dificuldade, toma-se café da manhã normal, almoça uma sopa, janta um caldo e depois zero até o momento da cirurgia, mas até aí tudo bem, estamos ansiosos para nos livrarmos do peso que carregamos, lutamos, passamos por uma série de exames, médicos, enfim....
              Os primeiros dias, mas precisamente os 3 primeiros dias eu senti muito por não poder tomar nem água, mas não é sede necessariamente, é a questão da boca seca. Daí até completar o sexto dia seguir só com chá, água e água de coco é enjoativo... mas fundamental.....
               Com o  passar dos dias bate uma vontade de comer, não que se tenha fome, ou seja, na verdade é uma vontade de mastigar, é o nosso bom e velho hábito de ter algo na boca consistente que grita.. e é aí que há um grande perigo, pois qualquer deslize pode ser fatal, pode-se simplesmente chegar à óbito....
               Surgiu a vontade? chupe gelo, faça picolé de gatorade, de dadone, de suco de fruta, enfim, use os alimentos liberados na dieta, mas em hipótese alguma cometa a loucura de comer algo que não está lá, mesmo que seja colocar na boca, mastigar e depois jogar fora, pois corre-se o risco de algo escapulir garganta abaixo e aí já viu....
                Sempre focando no que adotei como mantra: a cirurgia não é milagre, então não se saí do centro cirúrgico com cabeça de magro e comer é uma necessidade, mas que para os obesos ou é mania ou compulsão.. 
                Só nos tornamos obesos porque não sabemos lidar com a comida e isso não muda de uma hora para outra, não é como um passe de mágica. E mesmo depois que passa a fase de risco da cirurgia temos que nos policiar sempre com relação à alimentação.
                 O motivo desse post partiu da minha preocupação com uma moça no face que com 6 dias de operada resolveu comer pipoca para passar a vontade de mastigar. Ok! Ela  não engoliu, mas e a gordura, e o farelo, enfim, ela correu sério risco mesmo e assim são muitos os casos de pessoas que não conseguem se auto-controlar, que não conseguem seguir as determinações médicas colocando a vida em risco...
                   Na verdade, não é só deixando de seguir as recomendações alimentares que se fica em risco, mas essa transição é com certeza a mais complicada e necessita de força de vontade, de consciência plena do que pode acontecer no pós-operatório, de consciência que ninguém será responsável pelos nossos atos e o pior ninguém mais do que nós mesmos sentiremos as consequências...
                    Pare, conte até 10, 20, 100 se for necessário, mas siga as recomendações de sua equipe.

                   

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