quarta-feira, 24 de outubro de 2012

EXISTE GORDO SAUDÁVEL?

A obesidade se tornou nos últimos anos uma preocupação de nível mundial, um problema de saúde pública. De acordo com a SBCB (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) e também com a OMS mais de 1,5 bilhão de pessoas sofrem com a obesidade no Mundo.

Sabe-se que a obesidade pode ter como consequência muitos problemas de saúde como pressão arterial elevada, problemas cardiovasculares, ortopédicos, dentre tantos outros. Entretanto, não se chega ao grau de obeso mórbido do dia para noite. Em geral, é um processo que leva anos e que muitas vezes a pessoa nem se dá conta de quando exatamente começou.

A questão é que há uma discussão quanto a considerar que se pode ser saudável com sobrepeso ou até mesmo obeso.

Quando se pensa em cirurgia bariátrica, por exemplo, para que o SUS e os planos de saúde liberem a cirurgia toma-se como base o IMC do indivíduo, onde o indicativo da cirurgia sem necessidade de apresentar comorbidades é a partir de 40. IMC a partir de 35 até 39, 9 necessitam de doenças pré-existentes para que se considere a necessidade da intervenção cirúrgica.

Partindo-se deste ponto, da mesma maneira que há muita gente com IMC 35 e as vezes até um pouco abaixo disso com uma ou mesmo algumas comorbidades e pessoas com IMC 40 que os exames apresentam excelentes resultados abre-se uma gama de possibilidades sobre o tema.

Nesse sentido o IMC apesar de servir como base para determinar se uma pessoa é obesa ou não, não é a única referência de que uma pessoa esteja realmente saudável. É preciso que se considere uma avaliação completa que vai bem além da relação peso X altura.

Para considerar alguém como saudável leva-se em consideração o IMC, a avaliação clínica e a avaliação de condicionamento físico. Contudo, apesar de alguns obesos não apresentarem comorbidades a preocupação em considerar alguém, mesmo que com sobrepeso saudável é embutir na cabeça de muitos que o seu peso não ´é preocupante, o que pode ser verdade observando os exames, mas e a longo prazo?

Muita gente se alvoroça quando se fala que está acima do peso, que precisa se cuidar, que é importante manter-se dentro de um bom IMC. Muitas vezes vem a resposta de que se exercita, que come bobagens somente no fim de semana, que o que importa são somente os exames e muitos outros argumentos. Porém, considerando fatores como idade, genética e, principalmente, que a obesidade é um fator de pré-disposição para uma série de problemas, tanto que, mesmo sem qualquer comorbidade a OMS determina que IMC a partir de 40 tem total fator de risco e os planos de saúde autorizam sem que se tenha que comprovar qualquer outro motivo, mesmo um sobrepeso deve sim ser sinal de ALERTA.

Outro problema em considerar que é GORDINHO, MAS É SAUDÁVEL,  é que na maioria dos casos a obesidade está ligada a compulsão alimentar, em que a pessoa nem ao menos de dá conta do quanto come e muito menos da qualidade do que come, o que leva com o tempo ao aumento de peso, mesmo quando há exercícios físico.

A caminhada à obesidade mórbida pode ser longa,  assim como os problemas decorrentes da obesidade podem demorar bastante para aparecer, por isso um outro perigo de considerar o sobrepeso ou a obesidade como normal é que a tendência é ir passando de um grau a outro do aumento de peso sem se dar conta.

O fato é que não é uma questão de se adequar às cobranças sociais, de se moldar às exigências da moda. O amor próprio, a autoestima elevada independente do peso, a aceitação da imagem independente do peso são variáveis importantes para que possamos viver felizes. A moda plus size está aí para atender esse público, há uma adaptação de muitos parâmetros, são muitas campanhas contra o bullying e isso tudo é válido. Entretanto, é preciso aceitar que a medida que o IMC aumenta as chances de desenvolver outras doenças relacionadas à obesidade também se elevam.

Eu não fiz a gastroplastia com IMC de 40, tinha menos de 100 quilos e um IMC de pouco mais de 38, porém com uma série de comorbidades. E quando comecei a engordar achava que não era nada demais, no início 5, 6 até 10 quilos a mais a gente brinca que só tá gostosa, que são só uns quilinhos, mas não se dá conta de que considerar sempre que são somente alguns quilinhos quando se deparar com a realidade pode ver que são quilões.

Não desconsidero que muitas pessoas se sentem bem com o corpo que possuem mesmo estando acima do peso, não espero que todo mundo tenha que ficar paranoico com o peso e muito menos não acho que todo obeso tenha que se submeter à bariátrica, mas  considero um grande risco se considerar saudável quem está obeso e até mesmo um contrassenso, uma vez que, a obesidade é considerada uma doença.

No caso de gastroplastizados esse pensamento vejo ainda pior. O obeso que opera acreditando que se ficar com sobrepeso, porém tendo exames bons, é o que importa e o IMC que vá para as cucuias no geral é um grande candidato a voltar a engordar, é um grande candidato a jogar fora todo o esforço que exige uma gastroplastia.

Não é questão de ficar seco, esquelético, de seguir padrão e tal, é buscar focar em sempre tentar chegar no seu melhor. Lógico não se pode generalizar e considerar que alguém que pesava 200 quilos, eliminou 120 mas continua com sobrepeso, com IMC 28 mas está com ótimos resultados na avaliação como alguém que não teve sucesso no que fez. Porque da mesma forma que é preciso considerar muitos fatores para determinar que um obeso é saudável, são precisos muitos fatores para determinar que alguém que não alcançou o IMC não teve sucesso ou não está saudável após a bariátrica.

O mérito da questão é considerar que por mais que alguém que está obeso ou com sobrepeso esteja saudável em determinado momento, essa pessoa possui maiores chances de aumentar o peso, de desenvolver problemas relacionados à obesidade com o passar do tempo, ou no caso do paciente bariátrico de voltar a engordar.

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