Como alguns posts nos grupos que participo tem como curiosidade a questão relacionada à gravidez após a cirurgia, vi essa matéria redigida pela Dra. Elen Paiva, especialista em endocrinologia e nutróloga e vim compartilhar.
A gestação após redução de estômago
Cerca de 50% das cirurgias para tratamento da obesidade são
realizadas em mulheres em idade fértil, muitas delas, com grande dificuldade de
engravidar devido aos vários problemas causados pela obesidade que afetam a
ovulação. Com a perda de peso induzida pela cirurgia, geralmente ocorre a
normalização dos ciclos menstruais, anteriormente irregulares, desaparecem os
cistos ovarianos, estabelece-se a ciclicidade hormonal e a ovulação é a regra.
Nesse novo ambiente metabólico, muitas mulheres,
anteriormente com quadros de infertilidade, vêem uma possibilidade real de engravidar.
É muito importante que esta decisão seja compartilhada com a equipe médica.
Esta gestação tem que ser programada e assistida, devido aos vários riscos
impostos pelas mudanças anatômicas e funcionais.
Dificuldades impostas pela obesidade
Nas pacientes obesas, os problemas ginecológicos e
obstétricos não são poucos. Quando conseguem engravidar, elas apresentam muito
mais abortos e partos prematuros, diabetes gestacional, hipertensão arterial
relacionada à gestação, pré-eclâmpsia, bebês demasiadamente grandes e com muito
mais gordura corporal, hemorragias durante cesareanas, infecções de feridas
cirúrgicas e complicações anestésicas. Nessas mulheres, a perda de peso, antes
da gestação, pode propiciar as condições necessárias não somente à concepção e
à gestação, mas também ao exercício da maternidade de forma mais saudável e
feliz.
Quando a perda de peso envolvendo dieta, medicamentos e
exercícios falha, as pacientes com obesidade grave podem ter acesso, através da
cirurgia bariátrica, a um tratamento potencialmente efetivo, que pode resultar
em perda de até 70% do excesso do peso corporal. Além disso, esse procedimento
pode promover a normalização de várias complicações associadas à obesidade
mórbida. São muitos os tipos de procedimentos cirúrgicos utilizados, mas a
maioria deles associa a redução do volume do estômago com mudanças na
conformação das alças intestinais de modo a reduzir a absorção de parte dos
alimentos ingeridos.
De uma maneira geral, estas opções terapêuticas não se
tratam de procedimentos simples. Mesmo quando realizados por via laparoscópica,
sem a abertura da parede abdominal, a cirurgia bariátrica pode resultar em
complicações e falhas, sobre as quais a paciente deve ser amplamente
esclarecida, antes de se submeter ao tratamento.
Cuidados antes da concepção
A rápida perda de peso que se segue às cirurgias da
obesidade alcança um platô por volta de 12 a 18 meses, após o procedimento. É
recomendável o uso de anticoncepcional nessa fase, uma vez que a perda rápida
de peso pode colocar em risco o desenvolvimento fetal e os benefícios da perda
de peso para essa mulher.
As técnicas classificadas como by pass desviam o alimento de
importantes rotas absortivas e podem levar à deficiência de vários
micronutrientes importantes para a saúde materno fetal. As deficiências de
ferro, cálcio, vitamina B12 e ácido fólico, comuns nas pacientes submetidas a
essas cirurgias, são mais intensas nas mulheres que menstruam, uma vez que
perdem mais ferro através do sangue menstrual.
As deficiências nutricionais idealmente deveriam ser
identificadas e tratadas antes da concepção. Isso pode ser feito com a
suplementação de ferro, através do fumarato de ferro, mais tolerável do que o
sulfato ferroso, vitamina B12 via oral 500 a 1000mcg/dia ou por via
intra-muscular 500 a 1000mcg uma vez ao mês.
O cálcio – cerca de 1200mg/dia – deve ser administrado sob a
forma de citrato de cálcio, uma vez que os sais de carbonato de cálcio requerem
a acidez gástrica, e devido à redução drástica da câmara do estômago e do suco
gástrico, estes nutrientes são muito mal absorvidos. Finalmente, todas as
mulheres em idade reprodutiva devem receber, pelo menos, 400mcg de ácido fólico
diariamente, para a redução do risco das malformações neurológicas, os chamados
defeitos do tubo neural.
Cuidados gestacionais
Além da manutenção dos cuidados e suplementações já
iniciados antes da concepção, geralmente, há a necessidade de se intensificar
as doses das vitaminas e minerais. “esse momento, a gestante deve ser advertida
sobre os riscos da super dosagem de uma vitamina em especial: a vitamina A. A
dose contida nas vitaminas pré-natais é de 5000UI de vitamina A, por
comprimido, e, muitas vezes, a gestante, após a cirurgia bariátrica, é
corretamente orientada a ingerir 2 comprimidos por dia, alcançando a dose
máxima de 10000UI da referida vitamina.Além desses dois comprimidos, a gestante
não deve ingerir nenhum outro remédio que contenha vitamina A, pois além da
dosagem de 10000UI, a vitamina é teratogênica.
As complicações da cirurgia bariátrica durante a gestação
incluem a obstrução intestinal materna, geralmente devido à hérnias do
intestino delgado, mais comuns nos procedimentos com laparoscopia, em relação
às mulheres operadas através de abertura da parede abdominal. Podem ocorrer
ainda torções intestinais, que, às vezes, evoluem para lesões intestinais
graves, quando não diagnosticadas em tempo hábil. Essas alterações intestinais
podem ser induzidas pelo crescimento uterino, deslocando o intestino
anatomicamente alterado pela cirurgia e predispondo a herniações e torções.
As queixas de desconforto abdominal nas gestantes devido a
complicações da cirurgia bariátrica podem passar despercebidas ou podem ser
confundidas com as alterações ligadas à própria gestação como os vômitos freqüentes,
refluxo, contrações uterinas e mal estar matutino.
Os riscos das deficiências de micronutrientes aumentam com a
progressão da gestação, levando à necessidade da suplementação desses através
da via endovenosa ou intramuscular. É o caso das deficiências graves e
resistentes de ferro e vitamina B12.
As baixas de glicose ou hipoglicemias, tão freqüentes nas
gestantes de uma maneira geral, são geralmente mais freqüentes e mais graves
nas gestantes após a cirurgia bariátrica. Além disso, a complicação mais
sintomática e desconfortável dessas cirurgias, o chamado dumping, é também mais
freqüente nas gestantes. Há que se reforçar a necessidade das refeições mais
freqüentes, o cuidado com o jejum prolongado e o risco dos líquidos ou
alimentos sólidos ricos em açúcar. As manifestações extremamente
desconfortantes do dumping dão à paciente submetida à cirurgia bariátrica a
noção clara da importância do controle alimentar, tanto em relação à
freqüência, como em relação ao tipo de alimentos ingeridos.
Pós-parto e a amamentação
A perda de peso das gestantes, após a gestação e o parto,
segue a mesma intensidade da perda de peso após a cirurgia bariátrica. Há
relatos de que a maior parte do peso ganho durante a gestação é perdida nas
primeiras 5 semanas após o parto.
A amamentação não é contra-indicada para estas pacientes,
entretanto, quadros de deficiências maternas de microcutrientes, como os
descritos acima, podem levar às mesmas manifestações nos bebês que estão
amamentando. Essas mães devem seguir suas suplementações rigorosamente para
realizarem o sonho de amamentarem seus bebês.
Quando comparadas com as gestantes obesas que engravidam,
aquelas que o fazem após a cirurgia bariátrica, têm menor incidência de
hipertensão arterial, menor ganho de peso durante a gestação e bebês de peso
semelhantes, embora os grandes fetos macrossômicos sejam menos comuns nas
mulheres operadas.
A orientação nutricional e a adesão das pacientes ao novo
programa alimentar favorece os resultados positivos das gestações de mulheres
submetidas à cirurgia bariátrica. Por outro lado, a dificuldade que muitas
dessas pacientes têm de seguir estas mesmas orientações pode tornar essas
gestações complicadas, expondo os bebês aos riscos de graves malformações e
desnutrição.
Adoraria ter sua historia em minha pagina se autorizar poderei publicar Engravidar após a cirurgia bariátrica é possível embora exista pouca informação a respeito, uma pagina para mães reais dividir sua experiencias durante este período tão especial.
ResponderExcluirNormalmente são necessários cuidados nutricionais específicos, como a ingestão de suplementos vitamínicos para garantir o fornecimento de todos os nutrientes importantes para o desenvolvimento do bebê, garantindo também a saúde da mãe durante a gestação.
Vamos Dividir
Cuidados gestacionais, manutenção dos cuidados e suplementações, as complicações da cirurgia bariátrica durante a gestação, Pós-parto como também a amamentação e todas curiosidades que irão surgir.
Sempre buscando informações com um especialista e dividindo nossas experiencias...
Sejam Bem Vindas ....
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