quinta-feira, 31 de maio de 2012

CÁLCULO NA VESÍCULA


É muito comum que pacientes submetidos à bariátrica tenham problemas com cálculos na vesícula, então vejamos.

"A vesícula biliar é um órgão que se localiza junto ao fígado e tem a função de armazenar a bile, a qual é produzida pelo fígado, e liberada no intestino após as refeições. A bile ajuda na digestão das gorduras e tem um alto teor de sais biliares, que são produzidos a partir de colesterol. Assim, a vesícula funciona como uma bolsa armazenadora desses sais biliares, ricos em colesterol. Nos intervalos entre as refeições, a parte líquida da bile vai sendo absorvida pelas paredes da vesícula, fazendo com que a mesma fique mais concentrada, ou seja, menor quantidade de água. Este é o mecanismo pelo qual começam a se formar os cálculos ou pedras".

Introdução

Os cálculos biliares ("pedras na vesícula") são formados geralmente no interior da vesícula biliar. O que acontece é que quando a água da bile vai sendo absorvida, os sais biliares vão ficando mais concentrados. Como já dito, esses cálculos são ricos em colesterol. O mecanismo é semelhante ao da formação dos cálculos renais ("pedras nos rins"), e se assemelha à formação das pérolas, nas conchas. Os sais biliares, mais concentrados, vão ficando mais próximos e acabam se agrupando; com o passar do tempo, mais e mais sais se juntam aos anteriores. Já que os sais são ricos em colesterol, podemos concluir que os cálculos são formados principalmente por esse componente. Esses cálculos ficam armazenados na vesícula e, em determinado momento, podem migrar pelos canais que levam a bile até o intestino. É aí que está o maior problema.

Fatores de risco

Alguns fatores estão associados a um risco maior de desenvolvimento de "pedras na vesícula". São eles:

• Obesidade: aumenta a secreção de colesterol na bile;
• Perda importante de peso: também aumenta a perda de colesterol na bile;
• Uso de anticoncepcionais orais;
• Sexo feminino;
• Idade avançada;
• Gravidez;
• Dieta rica em gorduras;
• Vida sedentária;
• Hipertensão arterial (pressão alta);
• Tabagismo;
• Predisposição genética;
• Anemia hemolítica crônica: ocorre quando as hemácias (células vermelhas do sangue) são destruídas.

Sintomas

Algumas vezes, os cálculos podem não causar nenhum sintoma, de forma que o indivíduo nem imagina que tem esse problema. Os sintomas surgem principalmente quando ocorre inflamação da vesícula ou quando o cálculo migra para os canais que conduzem a bile.

No caso da migração das pedras, elas acabam obstruindo os canais, pois esses são muito estreitos. Com isso, a pressão dentro da vesícula aumenta e ocorre distensão (como se ela aumentasse de tamanho muito rápido), levando ao sintoma mais característico: a chamada cólica biliar. Essa dor aparece na região da "boca do estômago", vai aumentando de intensidade e passa a localizar-se mais para o lado direito do abdome. O indivíduo pode também contar que sente dor no ombro direito ou nas costas. Nos casos sem complicações, dura até uma hora. Pode ser desencadeada após refeição muito gordurosa, refeição normal ou quando o paciente se alimenta após um longo período de jejum.

Náuseas e vômitos podem surgir no momento em que a dor atinge o máximo de intensidade. A febre ocorre quando há inflamação dos canais ou da vesícula. Se a febre for alta e acompanhar-se de calafrios, indica a existência de infecção por bactérias, uma doença chamada colangite.

Quando o cálculo obstrui o canal de drenagem da bile, o paciente pode apresentar icterícia ("amarelão"), ou seja, fica com a pele e a porção branca dos olhos com coloração amarelada. Isso ocorre porque a bile fica "parada" na vesícula e a bilirrubina (pigmento amarelado presente na bile) vai sendo absorvida e passa para o sangue. Nesses casos, a urina pode ficar escura (amarronzada) e as fezes claras.

Diagnóstico

A história que o paciente conta é bem característica, e orienta o pensamento do médico para o diagnóstico. Para a confirmação da presença dos cálculos realiza-se o exame de ultra-som. No caso dos cálculos biliares, como a maioria é formada de colesterol, eles não aparecem na radiografia, ao contrário dos cálculos renais (que são formados principalmente por cálcio e, como os ossos, aparecem à radiografia). Por isso o ultra-som é tão importante. No entanto, outros exames podem ser utilizados, como a cintilografia.

Exames de sangue podem ser solicitados quando há suspeita de alguma complicação da doença.

Complicações

Além da cólica biliar, o paciente com cálculos biliares está sob risco de outras complicações:

• Colecistite aguda: é a inflamação aguda da vesícula, que ocorre quando o cálculo fica preso logo na saída do órgão. O paciente apresenta uma dor forte e constante e também febre.

• Coledocolitíase: o colédoco é o principal canal que leva a bile desde a vesícula até o intestino. A coledocolitíase desenvolve-se quando o cálculo obstrui esse canal. Nesses casos o paciente apresenta a icterícia ("amarelão").

• Colangite: é a infecção dos canais biliares por bactérias, após a obstrução. A bile "parada" favorece a proliferação de bactérias.

• Pancreatite: inflamação do pâncreas. Ocorre porque o canal que leva a bile da vesícula para o intestino passa dentro do pâncreas e se junta com o canal principal que drena o suco pancreático. Quando o cálculo obstrui esses ductos, o suco pancreático fica retido e acaba agredindo o próprio pâncreas.

Tratamento

O tratamento pode ser feito com medicamentos ou por cirurgia, com a retirada da vesícula (colecistectomia). Os medicamentos atuam dissolvendo o cálculo, e podem ser indicados para aqueles pacientes que não apresentam sintomas. Porém, esse tratamento apresenta alguns inconvenientes, como: uso prolongado de medicamento caro; recorrência dos cálculos após a interrupção do uso. Esses fatores, aliados aos ótimos resultados obtidos com a colecistectomia por laparoscopia, têm feito com que a cirurgia seja preferível.

A cirurgia está indicada nos seguintes casos:

• Paciente com sintomas graves o bastante para interferir com sua rotina diária.
• Paciente que apresentou alguma complicação devido à presença dos cálculos.
• Paciente que possui algum fator que aumente seu risco de desenvolvimento de complicações.

A colecistectomia pode ser realizada de duas maneiras:

1. convencional, na qual o cirurgião faz uma incisão no abdome e visualiza diretamente a vesícula;

2. laparoscopia, na qual o cirurgião introduz duas ou três cânulas em pequenas aberturas na parede abdominal, e visualiza a cavidade por meio de um monitor. A via laparoscópica é preferida, pois o resultado estético é melhor, a dor no pós-operatório é mais leve, a duração da internação é menor e o paciente volta mais rápido ao trabalho e a suas atividades habituais.

Outro tratamento que pode ser utilizado é a litotripsia extracorpórea, da mesma forma que utilizada para os cálculos renais. Nessa técnica, aplicam-se ondas de choque na superfície do abdome, dirigidas ao cálculo, com o objetivo de quebrá-lo em pedaços menores que possam ser eliminados. Deve ser utilizada em associação aos medicamentos que dissolvem os cálculos. Porém, as indicações desse tratamento são restritas.

Prevenção

Ainda não foram determinadas maneiras para prevenir a formação dos cálculos biliares, porém algumas recomendações são feitas:

• Dieta rica em fibras e com menor quantidade de gordura;
• Manter o peso ideal, evitando a obesidade;
• Prática de atividades físicas;
• Interromper o tabagismo.

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