Estudo brasileiro atesta controle do diabetes
em 99% dos pacientes bariátricos
Efeito metabólico da operação mostrou-se
eficaz em diabéticos com obesidade leve que não respondiam mais a tratamentos
clínicos baseados em remédio, dieta e exercícios
O Brasil está sendo apontado pela comunidade
científica como o principal centro de estudos sobre o efeito da cirurgia
bariátrica no tratamento das doenças associadas ao excesso de peso, como o
diabetes mellitus tipo 2 – doença que atinge cerca de 170 milhões de pessoas no
mundo, causa três milhões de mortes por ano e se tornou uma pandemia paralela à
explosão da obesidade, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.
Um exemplo dessa liderança brasileira em
pesquisa é o estudo “Efeitos da cirurgia de bypass gástrico em pacientes com
diabetes tipo 2 e obesidade leve”, desenvolvido no Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, em São Paulo, em que 66 diabéticos com obesidade leve foram submetidos à
técnica bypass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”), o
mais popular tipo de cirurgia bariátrica realizado no mundo, por
videolaparoscopia.
Selecionada para a edição de julho da
conceituada Diabetes Care, revista oficial da American Diabetes Association
(ADA), a pesquisa fez acompanhamento pós-operatório ao longo de seis anos e
detectou a remissão do diabetes tipo 2 em 88% dos pacientes e a melhoria do
controle glicêmico em 11% deles.
Em junho, o estudo do Hospital Oswaldo Cruz
foi apresentado na 72º Scientific Session da ADA, especificamente no Diabetes
Care Symposium. O conselho editorial da revista Diabetes Care o elegeu entre os
cinco melhores trabalhos do total de 156 submissões feitas à publicação desde
novembro de 2011. “O estudo foi reconhecido por ser pioneiro no seguimento de
longo prazo, com 100% dos pacientes avaliados no pós-operatório, excelentes
resultados, sem mortalidade e sem complicações graves”, explica coordenador do
estudo e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
(SBCBM), Ricardo Cohen.
ESTUDO EM NÚMEROS
Seleção
- Total de 66 pacientes;
- 40 homens e 26 mulheres com histórico de 7
a 12 anos de diabetes mellitus tipo 2 sem resposta ao tratamento clínico.
Conceitos e parâmetros
- Remissão do diabetes tipo 2 – Hemoglobina
glicada (HbA1c) < 6,5%;
- Melhoria satisfatória do controle do
diabetes tipo 2 – HbA1c < 7%;
- Suspensão dos medicamentos – HbA1c <
6,4%;
- Redução dos medicamentos – glicemia de
jejum < 120 mg/dL ou glicemia pós-refeição < 160 mg/dL;
- Hipertensão resolvida - < 130/80 mmHg
sem uso de medicamento;
- Triglicérides resolvidas - < 150 mg/dL
sem medicamento;
- LDL colesterol resolvido - < 130 mg/dL
com remissão do diabetes ou < 100 mg/dL com diabetes persistente;
Resultados em seis anos de acompanhamento
pós-operatório
- Remissão do diabetes tipo 2 em 88% dos
pacientes;
- Melhoria no controle da doença em 11% dos
pacientes;
- Hemoglobina glicada (HbA1c) baixou de 9,7%
(variação +- 1,5%) para 5,9% +- 0,1%;
- Glicemia de jejum reduziu de 156+-11 para
97+-5 mg/dL;
- Glicemia pós-refeição reduziu de 230+- 35
para 168+- 12 mg/dL;
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe, deixe seu recado.