quarta-feira, 24 de outubro de 2012

OBESIDADE E FELICIDADE


              

A obesidade traz consequências ruins para vida. Afeta saúde, autoestima, vida social, pode gerar muitos traumas físicos e emocionais.  

A medida que o grau de obesidade aumenta, os problemas também aumentam. É pressão arterial elevada, diabetes, colesterol e triglicerídeos alterados, problemas ósseos, reumáticos e por aí vai. 

Muitas pessoas viveram a vida inteira sob o estima de gordo, passando por situações constrangedoras, passaram pelo tão falado bullying e isso traz uma carga muito alta de falta de amor próprio. 

A dificuldade em passar na catraca do ônibus, de comprar roupas, os olhares dos outros sobre o prato, as limitações que a obesidade traz, de uma forma ou de outra, com maior e ou menor intensidade afetam o lado emocional e a vida social. 

Contudo, levanta-se uma discussão sobre a questão de ser feliz mesmo sendo obeso. Há quem diga que é impossível ser feliz gordo. Porém, a questão é: O que é felicidade? O que traz felicidade para cada pessoa?

A felicidade é algo tão relativo quanto gostar de verde ou amarelo. Não há um padrão, não há uma regra para ser feliz. 

De maneira geral a felicidade não se mantém estática, não é uma coisa estanque, um estado de espírito permanente. As pessoas mantêm-se ou não por um determinado tempo mais ou menos feliz. 

As afirmações absolutas de que gordo não é feliz remetem a muitas reflexões. A primeira delas é questionar se já que todo gordo é infeliz, porque nem todos os magros não são felizes? O peso ideal traz muitos benefícios, sem dúvida, contudo, não é a garantia de se será feliz só sendo magro. 

A outra questão é que considerando todo gordo infeliz se está colocando a vida de uma maneira fútil. Ora bolas, mesmo gordo temos amigos, família, não temos deficiência físicas (podemos ter algumas limitações conforme o grau), muitos têm filhos, trabalho, casa. Isso não é motivo de não ser infeliz 24 horas por dia?

Algumas pessoas apontam que gordo que se diz feliz é hipócrita, que é uma falsa felicidade, mas quem disse que todo magro vive satisfeito. 

Concordo que a proporção que o grau de obesidade aumenta, a medida que a pessoa se torna super obeso as coisas pioram, a felicidade pode se tornar cada vez menos presente. Mas daí a dizer que TODO GORDO É INFELIZ, é sem sombra de dúvidas desconsiderar, ou melhor excluir todas as variáveis da vida humana e colocar todos os seres humanos sem diferenças, aliás é dividir os seres humanos em dois grupos: os MAGROS FELIZES E OS GORDOS INFELIZES. 

Não fui obesa mórbida, não fui obesa a vida toda e digo que pra mim a obesidade foi péssima porque não nasci para a moda plus size, tive depressão porque a obesidade me limitou em algumas coisas, mas não fui obesa infeliz. Não era feliz por está gorda, mas era feliz mesmo estando gorda. Não era feliz com meu corpo, com a minha imagem, entretanto, tenho um marido que sempre me amou, filhos saudáveis, emprego, casa, amigos, outras variáveis que não me faziam infeliz por completo. 

Não creio em felicidade absoluta, não é da natureza humana está satisfeito com tudo. Sempre teremos momentos bons e ruins. Pode-se dizer que na obesidade esses momentos cheguem a alternar mais até o ponto de algumas pessoas sentirem-se mais infelizes. como por exemplo, alguém com 200, 300, 400 quilos que não anda mais, depende dos outros para tudo, que vive em UTIs, que deixa de viver em vida. São extremos da obesidade que normalmente se associam a estados depressivos elevados. 

A redução foi minha escolha final para voltar ao peso ideal, para voltar a ser magra, para voltar a viver bem, com saúde. Agradeço sempre por poder fazer e por está na luta, mas a magreza não me trouxe satisfação plena.Estou magra, com mais saúde, mas tem pele, tem flacidez, tem problemas pessoais como todo mundo e isso também gera momentos de tristeza, de preocupação, de ansiedade, momentos infelizes ou nem tão felizes. Portanto, a bariátrica não é o milagre que faz emagrecer e de quebra deixa todo mundo feliz sem contratempo.  Estou mais feliz sim, sem dúvidas, mas fica a reflexão sobre considerar tudo de maneira absoluta. 



                                                                                                           

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