terça-feira, 7 de maio de 2013

NOSSA! VOCÊ COME TUDO ISSO?

Quando estamos obesos as pessoas parecem que ficam na expectativa de ver o nosso prato, ou melhor o quanto vamos comer e muitas vezes escutamos um: Nossa! Você vai comer tudo isso?



                              


Ai operamos e o engraçado é que as pessoas continuam na expectativa de ver o nosso prato, de ver o quanto comemos, inclusive os gastroplastizados e lá vem a frase: Nossa! você come tudo isso?

Gente, na boa, infelizmente não comemos como passarinho pro resto da vida depois da gastro, pelo menos a maioria dos operados. 

Os primeiros seis meses após a gastro meio que parecemos bebês em termos alimentares, pois começamos com liquido, ai vem a dieta pastosa, seguida de uma sólida branda em que muitos alimentos não são permitidos, até que se chegue ao nível de dieta "livre" em que teoricamente pode "TUDO".

A medida que o tempo vai passando começamos a sentir mais fome, começamos a (re)inserir alimentos variados na dieta conforme a necessidade nutricional e isso é natural e importante para manter a saúde em dia. 

A quantidade de comida jamais será a mesma para todo mundo, existem fatores que precisam evidentemente serem levados em consideração. 

O primeiro fator refere-se a técnica cirúrgica utilizada, pois tem pacientes com uso de anel, pacientes que fizeram sleeve que tem maior facilidade de ingerir maior quantidade de alimentos, tem pacientes submetidos ao by pass em que essa quantidade pode ser mediana, ou seja, a técnica também interfere na quantidade.

O segundo fator é o peso a ser perdido por cada um, pois o estômago de uma pessoa que precisa perder 30 quilos não pode ter a mesma redução de quem precisa perder 100 quilos, portanto, o peso inicial e o peso a ser perdido refletem em diferentes capacidades de estômago.

O terceiro fator é o processo de adaptação de cada pessoa após a cirurgia, uma vez que, com 2 meses de gastro quando  você ainda está se habituando ao novo estômago, quando muitos alimentos ainda não caem bem, quando muitas pessoas ainda possuem dificuldade de mastigação, ainda tem muitos entalos por exemplo, dificilmente você comerá a mesma quantidade de alguém que já passou por todo o processo e que está na fase de manutenção de peso, daí ser comum ver gastroplastizado que só come 100g e outro que come 300 sem significar que o que come 300g está comendo demais. 

Entretanto, a principal análise a ser feita não é necessariamente o quanto alguém come em si, mas a qualidade do que come e a frequência. 

Se você come  300g de um prato bem sortido, bem equilibrado em termos nutricionais e seu amigo come 200g  de batata frita com bacon certamente a opção do seu amigo  terá um peso muito maior na balança. E a mesma coisa serve para a frequência com que se alimenta, pois a indicação nutricional é que se coma a cada 3 horas ou em alguns casos a cada duas horas dependendo da atividade de cada pessoa e do metabolismo, porém se você belisca o dia inteiro, come algo a cada meia hora, mesmo que algo que considere mais saudável com certeza você estará ingerindo mais calorias totais no final do dia. 

O acompanhamento nutricional é muito importante justamente para adequar a dieta tanto em termos do que se pode ou não comer, quanto em termos de quantidade para que não haja nem excessos e muito menos déficit nutricional. 

O medo de engordar ou mesmo de não emagrecer muitas vezes é o causador dessa pergunta recheada de espanto que é o tema deste post. Ok! Precisamos sim de uma pitada de medo para nos mantermos na linha, para nos mantermos equilibrados na reeducação alimentar, para que realmente tenhamos sucesso nessa jornada gastroplac, mas é importante que esse medo também seja comedido, é importante seguir as orientações nutricionais e comer O NECESSÁRIO.


Algumas pessoas, na verdade, creio que até a grande maioria, faz o chamado dia do lixo, aquele dia em que se diz vamos enfiar o pé na jaca. Há problemas com o dia do lixo? Talvez. Pra mim o dia do lixo não funciona muito bem, tentei fazer só que o resultado ao meu ver não foi satisfatório, não por engordar, mas por ficar na ansiedade para chegar determinado dia, então a minha opção é comer algo que eu queira seja domingo ou quarta-feira e fazer a compensação, voltar a rotina em seguida e principalmente, não deixar que a exceção seja a regra. 

Quando comecei a dieta sólida não demorou muito para sentir fome e ai fiquei me perguntando se a cirurgia tinha algo errado, muitas vezes sentia fome antes das 3 horas e teve momento de ficar realmente desesperada pensando que não ia chegar a meta, porém fui acompanhando com a nutri, fomos ajustando aqui e ali e quando cheguei a meta aos 9 meses minha ingestão calórica foi aumentada e desde então eu consumo 1400 calorias diárias.


Faço 6 refeições diárias, busco sempre variar nutrientes, deixar o prato colorido, e apesar de conseguir comer entre 300 e 320g no almoço ou jantar, tem dias em que desce bem e outros não e isso também precisa ser levado em consideração para poder equilibrar as refeições.

Comer 150g não significa comer certo, pois o comer certo é comer para suprir as necessidades do organismo. Muitas vezes achei que a nutri estava doida me mandando comer determinada quantidade, aí ia eu e colocava metade no prato, ou não comia tudo o que colocava e o resultado ou era fome antes do tempo, ou hipoglicemia. Contudo, a medida que consegui me adaptar as orientações que me foram dadas cheguei no peso que queria e tenho mantido.

Óbvio que tendemos a comparar, mas precisamos lembrar que nosso organismo é diferente, nossa orientação nutricional deve ser personalizada e só a quantidade não é fator de reengorda..

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